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Para começar a pensar, discutir e problematizar a acessibilidade no campo das Artes Cênicas, partimos da abordagem do conceito em si. Isso quer dizer que, com esse primeiro Simpósio (trabalharemos para que seja o primeiro de muitos), objetivamos uma aproximação com o tema e com o conceito na nossa realidade local, dentro e fora dos limites UFSM.

 

Intencionamos reunir autoridades para abordar o assunto, tanto quanto, abrir  espaços para discussões e problematizações. Profissionais qualificados que exercem funções institucionais, que pesquisam e produzem seriamente na área. E, ainda, profissionais de outras áreas que também atuam sob e sobre tais circunstâncias.

 

Com esse duplo saber e pensar começamos a organizar a programação do evento. Pensar acessibilidade, da perspectiva de quem individualmente e aparentemente não precisa dela, exige, antes de tudo, saber de onde se pensa e, sobretudo, uma certa expansão no olhar e distanciamento crítico para poder perceber exigências que culturalmente naturalizadas lançam ao corpo uma ‘expectativa’ que se coloca em evidência na cena.

 

Uma possibilidade de mobilizar um pensamento acessível com seriedade e comprometimento pode começar com o reconhecimento das implicações ao utilizarmos o termo. Acessibilidade é um conceito muitas vezes banalizado, ou estereotipado quando relacionado exclusivamente com rampas e elevadores. Certamente, a arquitetura acessível é um dos aspectos fundamentais. Porém, o conceito não se operacionaliza apenas à livre circulação. Ele também convoca à arena dimensões comunicacionais, metodológicas e atitudinais.

 

A dimensão atitudinal pode ser compreendida como mãe de todas outras. E, também, pode ser problematizada como um dos aspectos mais complexos de se pensar, dada a subjetividade envolvida. Isso, porque nela se implicam os  comportamentos, os pensamentos e os relacionamentos humanos.

 

Quando assuntos relacionados à pessoa com deficiência são abordados, é necessário evidenciar que um dos maiores entraves ainda diz respeito à segregação social que ocorre, de modo inconsciente e de modo explícito, também pelo aspecto atitudinal.

 

Nesse contexto, pensar a acessibilidade em espaços de ensino-aprendizagem em Teatro, especialmente em um espaço universitário, pode promover que questionemos o quanto a cena contemporânea, local, está aberta a corpos que se afastam de alguns padrões e repertórios que se intencionam de excelência, virtuosismo e superação advindos de heranças culturais.

 

Em especial, desafiamos o nosso próprio perceber e pensar, objetivando refletir sobre o quanto nossas metodologias e atitudes promovem que o espaço universitário seja mais ou menos acessível.

 

Estabelecer um espaço para esse debate pode nos possibilitar o contato com diversos modos de entender a acessibilidade. E, ainda, outros modos de relação com o outro, entre os outros e entre nós, sujeitos que também moldam dia a dia o que seja a instituição Universidade.

 

A gestação do Simpósio

 

Pensamento acessível, cena aberta é um evento concebido por duas mães em um encontro informal e vivo que aconteceu, entre nós duas, no primeiro momento, em algum mês do segundo semestre de 2017.

 

Professoras do CAL em espaço de trabalho em uma feliz e produtiva conversa pela qual a vida, a arte, a profissão, os desejos não se separaram e tocaram o indizível. Naquele primeiro encontro se fez ver uma inquietação específica e comum para nós duas, cujo formato começou a se delinear em março de 2018.

 

Intencionávamos, além de colocar o assunto em pauta, debater a questão da acessibilidade de modo a provocar e problematizar o pensamento no Departamento de Artes Cênicas, e, ainda, que se pudesse fomentar um espaço de discussão, de diálogo levando em consideração fatos vivenciados nos cursos, dificuldades recorrentes, inquietações que rondavam a formatação de novos currículos, a necessidade contínua de rever padrões; ou seja, a realidade do momento.

 

Após definirmos o formato simpósio, buscamos e encontramos colaboradores sérios e, cada um ao seu modo, nutriu, protegeu e colaborou com essa configuração. A partir de seus olhares específicos, contribuíram com o desejo de pensar acessível visando “abrir a cena”.

 

Durante esse mesmo processo de incubação, outros olhares também se agregaram garantindo que o evento tivesse estrutura suficiente para se sustentar. Com muito respeito e gratidão agradecemos todo suporte advindo da Gestão, da Proext, da Prograd, do CAL, do Departamento de Artes Cênicas, do Curso de Artes Cênicas, do Centro de Ciências Rurais, do Centro de Educação, do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da CAED, dos alunos do dos cursos Artes Cênicas Bacharelado e Teatro Licenciatura que embarcaram na produção, dos projetos artísticos de quem vive arte no dia a dia da cidade de Santa Maria, no chão das escolas, e também do barro moldado no território da UFSM.

 

Artistas, professoras e professores, estudantes, com e sem deficiência, colaboraram para colocar o evento em movimento vivo e acessível. Nutrido e cuidado por pessoas engajadas com olhares singulares sobre a diferença, já nos faz ver e viver, antes mesmo do Simpósio se materializar em nome e local, os desafios e a urgência de se pensar, além dos obstáculos epistemológicos, a diferença e a distinção.


 

                              Marcia Berselli                      Mariane Magno Ribas

  • Porta Aberta - I Mostra DAC
  • Porta Aberta - I Mostra DAC

PORTA

 ABERTA

I Simpósio - Pensamento Acessível - Cena Aberta - 27 e 28 de Agosto, 2018
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